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Embaixador do Brasil em Pequim comenta entrada de investimentos chineses no país

O embaixador do Brasil em Pequim, Marcos Caramuru de Paiva considera que a entrada de grupos financeiros chineses no Brasil traz algo "totalmente novo"

O embaixador do Brasil em Pequim, Marcos Caramuru de Paiva considera que a entrada de grupos financeiros chineses no Brasil traz algo "totalmente novo" às relações económicas sino-brasileiras, destacando os investimentos do grupo Fosun e do banco Haitong.

Pequim - O embaixador do Brasil em Pequim, Marcos Caramuru de Paiva considera que a entrada de grupos financeiros chineses no Brasil traz algo "totalmente novo" às relações económicas sino-brasileiras, destacando os investimentos do grupo Fosun e do banco Haitong.

"Estou completamente convencido de que a fotografia que se tira hoje das relações económico-comerciais entre a China e o Brasil não vai ser a mesma daqui a cinco anos" afirmou o diplomata, em entrevista à agência Lusa.

Em junho passado, o grupo Fosun, que detém em Portugal a Fidelidade e a Luz Saúde, anunciou a aquisição da Rio Bravo, uma das maiores empresas do Brasil na área de gestão de investimentos.

Já o banco chinês Haitong assegurou também "uma presença muito forte no Brasil, através da compra do Banco Espírito Santo de Investimento em Portugal", ficando com os ativos deste banco no país sul-americano, disse Caramuru de Paiva.

Para o diplomata, "isto é algo totalmente novo", visto que "até há pouco tempo", os bancos chineses entravam no Brasil com licenças novas, e "estabeleciam-se basicamente para atender empresas chinesas com negócios" no país.

O diplomata previu que os novos atores "criem parcerias, fusões e associações, entre empresas brasileiras e chinesas, de forma eficiente".

"Haverá cada vez mais cooperação nos setores industrial e dos serviços, operações de menor dimensão, mas que geram novas formas de integração entre as empresas", disse.

Caramuru de Paiva, que assumiu o cargo em Pequim há cerca de dois meses, apontou ainda um cenário para a "triangulação entre Brasil, China e Portugal", dinamizado por instituições financeiras do país asiático.

"Os bancos é que conhecem as empresas e você precisa dos bancos para gerar essa capilaridade entre as empresas (...) e criar oportunidades para fusões e associações", referiu.

"Pode ser que aconteça alguma coisa nova nessa triangulação, que existiu no passado", realçou.

Antigo cônsul-geral do Brasil em Xangai, Marcos Caramuru de Paiva já esteve colocado em Kuala Lumpur e foi diretor executivo do Banco Mundial, em Washington.

Vive há nove anos na China, onde é também sócio e gestor da KEMU Consultoria, empresa com sede em Xangai.

A China tornou-se, em 2009, no principal parceiro económico do Brasil, ultrapassando os Estados Unidos da América, e no seu maior investidor externo.

No ano passado, o volume das trocas comerciais bilaterais cifrou-se em 71,80 mil milhões de dólares (66,07 mil milhões de euros), menos 17,37%, face a 2014.

Os dois países integram também o grupo BRICS, que é ainda composto por Rússia, Índia e África do Sul, enquanto o Brasil é o nono maior acionista do Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas, a primeira instituição financeira internacional proposta por Pequim.

 

Fonte: Portugal Digital