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CEO do Haitong Bank mira participação na venda do Novo Banco

Jose Maria Ricciardi, único membro da família por trás do derrocado Banco Espírito Santo (BES) de Portugal a manter o seu cargo na alta administração

LISBOA Jose Maria Ricciardi, único membro da família por trás do derrocado Banco Espírito Santo (BES) de Portugal a manter o seu cargo na alta administração, acredita ser possível encontrar um comprador para a unidade sobrevivente do BES, o Novo Banco.

Ricciardi, que é CEO do Haitong Bank, uma unidade de um dos maiores bancos de investimento da China, vê um possível papel para o seu banco de investimento no assessoramento de eventuais compradores ou na busca por eles, e espera prospectos melhores para a venda do Novo Banco em um formato novo e mais flexível depois do fracasso do mês passado.

O Haitong Bank, conhecido anteriormente como BES Investimento (BESI) até a sua compra pela Haitong Securities no final de 2014, fazia parte do Novo Banco e, antes disso, do BES.

“Agora que já não pertencemos ao Novo Banco e não há conflito de interesses, o Haitong Bank poderia atuar como assessor na venda do Novo Banco ou dos seus ativos não estratégicos... Ou poderíamos encontrar um comprador, assessorar um investidor potencial na nova venda”, disse Ricciardi à Reuters.

O Banco de Portugal não obteve sucesso na tentativa de venda do Novo Banco no último mês após receber ofertas abaixo do valor de recuperação de dois interessados chineses e um norte-americano, mas há planos de relançamento do processo com novas alternativas além da aquisição de 100% do banco.

Ricciardi, um membro do clã de banqueiros Espírito Santo que criticara as práticas da liderança do BES, deixando a sua posição no conselho em protesto logo antes do colapso, destacou que o adiamento foi boa solução adequada que “trará para a mesa não só os ofertantes iniciais, mas um número maior de instituições interessadas... e talvez até melhores preços iniciais”.

O Haitong Bank, que estuda uma expansão internacional através de uma possível aquisição de uma corretora em Nova York e uma ou duas gestoras de ativos na Europa, não prevê entrar na disputa por nenhuma fatia do Novo Banco, já que não tem interesse em bancos comerciais.

Na tentativa frustrada, a seguradora chinesa Anbang, a Fosun International e o fundo norte-americano Apollo Global Management chegaram até a etapa final e apresentaram suas propostas, que foram rejeitadas pelo banco central sob o argumento de serem baixas demais.

Ricciardi disse acreditar que uma definição mais clara do volume de capital que o Novo Banco precisa para atender às exigências de patrimônio de referência do Banco Central Europeu poderia aumentar às chances de venda.

“Além disso, pelo que eu saiba, a gestão do Novo Banco terá significativa autonomia para vender ativos não estratégicos que não interessem a potenciais compradores, mas que acrescentem ou liberem capital... então, no final das contas, o valor de capital adicional necessário após os testes de stress pode ser menor", concluiu o executivo.

O Haitong Bank, que espera mais que triplicar o seu capital e volume de ativos até 2018 para 1,5 bilhão de euros e 15 bilhões de euros, respectivamente, está atualmente analisando aquisições em Nova York e na Europa, e espera atuar na Europa, Oriente Médio, África, Américas e Índia.

O banco registrou o seu primeiro resultado negativo da história em 2014, refletindo a redução ao valor recuperável (impairment) de ativos relacionados ao colapso do império empresarial Espírito Santos, mas Ricciardi diz que as coisas estão melhorando e o retorno sobre o patrimônio (ROE) deve atingir 10-12% no próximo ano.

O executivo disse ainda que, apesar da turbulência no mercado acionário da China e do desaquecimento global, as empresas chinesas acumularam grandes volumes de recursos financeiros que poderão ser utilizados agora para diversificar suas atividades internacionalmente, o que poderia reforçar o interesse chinês pelo Novo Banco.

(Escrito por Andrei Khalip; Revisado por Elaine Hardcastle)